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São Petersburgo é uma cidade-milagre, nascida do desejo de um czar, testemunho de 300 anos de história de um império em permanente mutação.
Mas longe de ser uma cidade-museu, a viver das heranças de um passado glorioso, é, talvez, o local da Rússiaonde a modernidade europeia e o impacto com a economia de mercado são mais visíveis.
Para o bem e para o mal.
Um roteiro para viagens de turismo em São Petersburgo
Pedro, o Grande assim o decidiu: aquele terreno pantanoso à beira-Báltico, em pleno delta do Neva, entrecortado por dezenas de rios e canais, seria a nova capital.
E não seria uma capital qualquer: toda a força operária do império e os melhores arquitectos da época, como Rastrelli, concentraram-se aqui, dedicando-se exclusivamente ao seu planeamento e construção.
Mais de cem mil pessoas morreram na construção de São Petersburgo, levada a cabo por batalhões de operários, muitas vezes em regime de trabalho escravo, instalados em bairros miseráveis onde proliferava todo o tipo de doenças.
Dito isto, fica mal dizer que valeu a pena. Mas a verdade é que é impossível evitar um enorme sentimento de admiração perante os palácios, catedrais e jardins que se levantam da água à força de diques, canais e pontes. E ao chamar-lhe “Veneza do Leste”, ficamos sem saber qual das duas cidades estamos a elogiar.
E num país que está apenas entreaberto ao turismo, com leis pouco estimulantes no que diz respeito à entrada de estrangeiros, encontrar quem fale inglês e, ao mesmo tempo, saiba contornar e resolver as burocracias locais, para muitos é um alívio que estão dispostos a pagar caro.
A abertura do cidadão comum ao contacto com estrangeiros é, no entanto, muito superior à do governo e do seu cortejo de funcionários públicos, sobretudo nesta “janela do Báltico”, a cidade mais virada para o ocidente em toda a Rússia.
Num cenário de sonho feito de cores suaves, onde as igrejas ortodoxas parecem palácios do Walt Disney, com forma de bolo de aniversário e suspiros dourados no cimo, vivem cerca de trinta mil meninos da rua com idades inferiores a doze anos.
Este é um desmoralizador conjurar de imagens da guerra civil dos anos vinte, quando milhões de crianças sem família, os besprizorniki (negligenciados), sobreviviam nas ruas do país.
Para além de toda a parafernália histórica, que delicia qualquer um, o que mais nos conquista na cidade é o contraste entre o cenário de absoluta luxúria para os olhos, e as personagens que o habitam.
As mulheres são consideradas as mais elegantes do país, e fazem nitidamente por isso, mesmo numa economia em depressão.
A nível do turismo, há agora uma multiplicidade de ofertas, de restaurantes a hotéis, visitas guiadas,cruzeiros nos rios e canais e, até, percursos aéreos de helicóptero, para uma visão global das cúpulas douradas que se levantam das ilhas, os pontos mais altos e luminosos de uma cidade que nasceu da água.
No Neva, é possível alugar um barco ou jantar num restaurante flutuante.
Nas margens, junto à Fortaleza de Pedro e Paulo, uma colecção de modernos adoradores do sol tenta obter o que se paga caro num dos solários da cidade, alguns deles com requintes de masoquismo: um homem lê o jornal de joelhos, enquanto outros parecem esperar o pelotão de fuzilamento, encostados ao muro de braços cruzados sobre peito, para colorir de sol as partes mais difíceis.